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Artistas em pesquisa

LUIZ ZERBINI

(por Chris Arcuri)

Biografia


Luiz Pierre Zerbini (São Paulo SP 1959). Artista multimídia.

Desde criança, Zerbini tem aulas de pintura, fotografia e aquarela.

Entre 1978 e 1980, frequenta o curso de artes plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo.

No início da década de 1980, muda-se para o Rio de Janeiro, passa a trabalhar como cenógrafo do grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone e faz performances em bares cariocas.

Zerbini faz sua primeira exposição individual em 1982, na Casa do Brasil, em Madri, na Espanha.

Em 1985, ocupa parte do Salão Nacional de Artes Plásticas no Rio de Janeiro e recebe Referência Especial do Júri.

Participa da 19ª Bienal Internacional de SP, em 1987. 

Integrante da chamada Geração 80, suas primeiras obras são pinturas, mas depois trabalha com escultura, vídeo, desenho e fotografia.

Em 1995, recebe o grande prêmio da crítica na categoria artes visuais da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Nesse mesmo ano, cria, em parceria com o artista Barrão (1959), o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler (1963) e o produtor musical Chico Neves o grupo Chelpa Ferro (expressão arcaica que significa dinheiro), que trabalha com escultura, instalações tecnológicas e música eletrônica.

Comentário Crítico

Na década de 1980, Luiz Zerbini produz telas figurativas em que apresenta cenas de inspiração surrealista, como A Tragédia É um Acúmulo de Mal Entendidos, 1987. O artista utiliza frequentemente a fotografia em colagens, concebidas como estudos para telas de grandes dimensões. Emprega, ainda, o enquadramento fotográfico em obras como Zoo, 1985, em que mantém também diálogo com a arte pop. Já em Piscina das Crianças, da mesma data, destacam-se o aspecto onírico e as cores extremamente vibrantes e luminosas. Posteriormente, realiza autorretratos nos quais se apresenta envolto em uma profusão de cores e imagens.

Em 1995, Zerbini reúne-se ao artista Barrão, ao editor de imagens Sergio Mekler e ao produtor musical Chico Neves e cria o grupo Chelpa Ferro, que associa imagem e som, realizando performances e instalações. O grupo explora sonoridades eletrônicas e industriais, cria novos usos e significados para antigos equipamentos eletrônicos e também utiliza ruídos decorrentes de objetos de uso cotidiano, como aqueles de impressoras, caixas registradoras, bolas de pingue-pongue ou os passos dos visitantes da exposição. Em instalação apresentada pelo grupo na 26ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2004, um conjunto de galhos e troncos secos de árvores é movimentado por meio de pedais elétricos, acionados pelo público, e produz um som leve, semelhante à sonoridade do vento percorrendo o interior do edifício.

Em trabalhos expostos em 1999, como a série Pinturas Dentro D’água, Luiz Zerbini utiliza uma técnica chinesa na qual o papel é tingido embaixo d’água, com uma solução de tinta e algas. Com esse procedimento, o artista produz pinturas abstratas de cores luminosas que refletem a fluidez do meio aquoso.

Entre as exposições realizadas por Zerbini destacam-se individuais na South London Gallery, Londres; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Paço Imperial, Museu da República, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Oi Futuro e Casa Daros, no Rio de Janeiro; Inhotim, Brumadinho, MG; Centro Universitário Maria Antonia e Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; e Museu de Arte Moderna da Bahia.

Entre as coletivas de que participou estão 19ª e 29ª edições da Bienal Internacional de São Paulo; Nous les Arbres, Fondation Cartier, Paris; Dreaming Awake, House for Contemporary Culture, Maastricht, Holanda; Troposphere: Chinese and Brazilian Contemporary Art, Beijing Minsheng Art Museum, China; 10a. Bienal do Mercosul, Porto Alegre; Artistas Comprometidos? Talvez, Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal; Inventário da Paixão, Museu Histórico Nacional; Histórias Mestiças, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; Como Vai Você, Geração 80?, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro.

Obras do artista estão na Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Inhotim, Brumadinho, MG; Instituto Itaú Cultural e Museu de Arte Moderna de São Paulo; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Em 2016, Luiz Zerbini foi convidado a realizar um trabalho nas instalações do Instituto Inhotim. Em resposta ao convite, Zerbini levou uma prensa do Rio de Janeiro a Minas Gerais e passou uma semana produzindo impressões a partir de folhas, flores e sementes, que ele selecionava e recolhia dos jardins de Inhotim. Desde então, as séries de monotipias que Zerbini vem produzindo se tornaram peças relevantes dentro de sua produção.

Tecnicamente, os elementos e cores escolhidos para uma impressão são pressionados pelo cilindro metálico contra o papel de algodão. No entanto, as escolhas dos elementos e cores de uma monotipia se tornam marcas para as impressões seguintes. Por isso, o processo de produção de uma monotipia é tão revelador e surpreendente.

https://www.inhotim.org.br/institucional/arte-contemporanea/multiplos-inhotim/

“Desde que a pintura morreu, eu não parei de pensar nela um segundo”, assim Luiz Zerbini se refere a uma exposição de que participou no Rio em homenagem a Domenico Vandelli, naturalista responsável pelas expedições filosóficas portuguesas no fim do século XVIII. “Eles vinham para cá para representar o que tinha na natureza, com uma intenção puramente científica”, conta o artista. Zerbini afirma que sua participação na exposição foi muito influenciada pelo trabalho dos participantes daquela expedição, cujo lema era “Eu observo e represento”. “Não me sinto à vontade de observar e representar só, mas me sinto muito próximo dessa ideia e da ideia de você refletir sobre isso”, diz. Hoje, seu trabalho procura discutir a relação das cores e da matéria na obra de arte.

“Uma nova perspectiva. Uma nova escala. Qualquer esforço natural nesse sentido será bom”

(Oswald de Andrade)

A Primeira Missa, Luiz Zerbini (2014).

A pintura, em grande escala, busca um contato com a imagem da “Primeira Missa no Brasil” (1861) de Victor Meirelles. A obra de Zerbini, no entanto, se constrói em uma perspectiva da linguagem e padronagem na pintura, que posiciona por formas, escalas e lugares específicos das personagens, uma outra reivindicação da história na contemporaneidade. Com exemplos da produção moderna e contemporânea na arte e uma bibliografia selecionada, se buscará refletir sobre antropofagias e representação.

Referências

AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. Curitiba, Ed. UFPR, 1997. R750.81 A973d 2.ed.

ZERBINI, Luiz. Rasura: Luiz Zerbini. São Paulo, Cosac & Naify, 2006.

LUIZ Zerbini. In ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9162/luiz-zerbini.http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9162/luiz-zerbini. Acesso em: 20 de agosto de 2021. Verbete da Enciclopédia.

https://www.instagram.com/luizzerbini/?hl=pt-br

http://revistacaju.com.br/2021/01/13/zerbini-anotacoes-sobre-duas-pinturas-ou-mais/

https://fdag.com.br/artistas/luiz-zerbini/

https://www.guiadasartes.com.br/luiz-zerbini/biografia