(por Renan Araujo, bolsista Pibic)
Santo André, São Paulo, 1924 – São Bernardo do Campo, São Paulo, 2003.
Filho de imigrantes italianos, o artista é um relevante pintor, escultor e desenhista brasileiro. Suas obras transpassam as tônicas da figuração e do abstracionismo. Assim como com a geometrização e as concepções do estudo do plano no espaço, o que o tornou um importante artista concretista no Brasil.
Entre 1938 e 1941, Sacilotto estudou pintura na Escola Profissional Masculina do Brás, na qual foi habilitado em Pintura e Decoração. Em seguida, se tornou Mestre em Pintura pela Escola Técnica Getúlio Vargas. Também estudou desenho na Associação Brasileira de Belas Artes (1944-1947).
Em 1945, participou da exposição dos Quatro Novíssimos, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Rio de Janeiro, juntamente com os artistas Luiz Andreatini (1921), Marcelo Grassmann (1925-2013) e Octávio Araújo (1926-2015), formando o Grupo Expressionista.
No ano de 1946, começou a trabalhar no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti (1917-1974) e participou da exposição 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, por onde conheceu os artistas Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Lothar Charoux (1912-1987). Com essas relações, as obras de Luiz Sacilotto ganharam formas abstrato-construtivistas.
Seguidamente, nos anos 1947 e 1948, suas produções utilizaram o embate entre o figurativo e o abstrato, na geometrização do espaço e no estudo sobre linhas retas, cores, luz etc., como na obra Mulher sentada (1948) e também em Composição (1948). Nesse período, o artista transitou do expressionismo para a geometrização das formas.
A partir de 1950, Sacilotto passou a executar obras mais concretas, o que o levou, no ano seguinte, a participar da I Bienal Internacional de São Paulo.
Em 1952, com os artistas Anatol Wladyslaw (1913-2004), Féjer (1923-1989), Geraldo de Barros (1923-1998) e Leopoldo Haar (1910-1954), fundou o grupo Ruptura. O grupo lançou um Manifesto que se destacou opostamente às principais correntes artísticas atuantes na época, rompendo com o que consideravam ultrapassado e enfatizando o aspecto construtivista.
Em 1954, participou do III Salão Paulista de Arte Moderna, onde ganhou o Prêmio Aquisição com a obra Vibração Ondular (1953), pintura esta que se encontra atualmente no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Luiz Sacilotto foi um dos pioneiros na tridimensionalidade do objeto artístico, com trabalhos que reconfiguram o plano no espaço, como na escultura Concreção 5730 (1957), de forma sólida com recortes simétricos que transformam a obra em ‘autoportante’, ou seja, sem a necessidade de uma base para mantê-la firme. Desse modo, sua engenhosidade o fez participar da criação da Associação de Artes Visuais Novas Tendências, em 1963.
A partir de 1970, o artista produziu muitas séries de pinturas que propõem jogos ópticos e visuais, através de efeitos de retração, dinamismo, profundidade, movimentos e ilusões – como na obra Concreção 7959 (1979), em que o jogo de linhas e de figuras justapostas conceber contraposições entre o positivo e negativo. O artista, posteriormente, produz uma espécie de ilusão óptica com sua pintura, uma vez que a composição indica estar em movimento.
Em 1980, ocorreu uma exposição no Museu de Arte Moderna (MAM), de São Paulo sobre a retrospectiva da carreira artística de Luiz Sacilotto.
Anos depois, em 1988, recebeu o Grande Prêmio da Crítica, na categoria de Artes Visuais, pela APCA-Associação Paulista de Críticos de Arte.
Sua carreira foi marcada pela conquista de diversos prêmios e exposições coletivas e individuais, tanto em território nacional quanto internacional, com mostras em países como Estados Unidos, Itália e Japão. Destaca-se o ano 2000, quando recebeu a Medalha do Mérito na cidade de Santo André e uma homenagem da Prefeitura do Município onde foram postas as esculturas Concreção 0005 e Concreção 0011 na principal via comercial da cidade, à rua Coronel Oliveira Lima.
Em fevereiro de 2003, Luiz Sacilotto faleceu na cidade de São Bernardo do Campo, deixando um imenso e importante legado artístico. Suas obras podem ser encontradas em acervos nacionais como no MAM-Rio, na Pinacoteca de São Paulo e em outras instituições de Artes, onde suas produções são expostas em mostras artísticas tanto no Brasil quanto em galerias e museus internacionais. Desse modo, percebe-se a grande contribuição, notoriedade e relevância do enorme patrimônio artístico de Luiz Sacilotto para o mundo das Artes.
Referências
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GRUPO RUPTURA. ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo538325/grupo-ruptura. Acesso: 23 de abril de 2023.
MILLIET, Maria Alice. Tendências construtivas e os limites da linguagem plástica. In: MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO. Arte moderna. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000. p. 53.
SACILOTTO, Luiz. ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10773/luiz-sacilotto. Acesso: 16 de abril de 2023.
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ZANINI, Walter. Arte concreta e neoconcreta no Brasil. In: ___. História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983. v. 2, p. 881.
https://acervo.mac.usp.br/acervo/index.php/Detail/entities/5950
https://www.escritoriodearte.com/artista/luiz-sacilotto
https://www.guiadasartes.com.br/luiz-sacilotto/obras-e-biografia