(Por Caio Couto/IART; Anna Clara, 2B; Camily, Anna Clara, 2D – CAp)
O artista desenvolve sua pesquisa trabalhando principalmente com colagens digitais e, no espaço urbano, através de lambe-lambes.
A presença de obras, críticas e irônicas, no cotidiano da cidade, despertam a curiosidade e admiração dos que passam pelas ruas, revelando também resíduos de racismo e intolerância esquecidos na pressa das demandas rotineiras.
Porém, Pereira é mais um trabalhador que demorou para se entender enquanto artista. Fez da Arte profissão quando se encontrava desempregado. Suas obras, desde o início, trazem críticas frente à injustiça racial ao ocuparem as ruas e democratizarem o acesso à arte, provocando reflexões.
Em 2011, participou do Coletivo Gráfico da UFRJ e junto do grupo produziu cartazes criticando o aumento das passagens quando o Rio ganhou o título de cidade com transporte mais caro do Brasil.
Alguns destaques de sua obra
“Jesus pretinho” (2016) (Fig. 1) é um dos seus principais trabalhos
Esta obra junto com a série “Anjo preto até Deus duvida” (2019) (Fig. 2) vem questionar e trabalhar o imaginário embranquecido do divino. Na série “Anjo preto até Deus duvida”, diversos lambes de crianças-anjos pretas são colados em pinturas sobre papel reciclado, fazendo referência a Basquiat (Nova Iorque, 1960-1988).
As obras dessa série circulam tanto pela cidade quanto em espaços expositivos. Ruas, galerias e espaços virtuais – todos, são ocupados. A série #nobrenegro (2015) (Fig. 3) que começou como uma brincadeira na internet, viralizou com uma série com diversos lambes em onde se representavam artistas negros da música brasileira como pinturas clássicas. E assim como “Jesus pretinho”, #nobrenegro nitidamente incomodou: as obras eram arrancadas até no máximo três horas depois de coladas.
Pereira possui fiel clientela assim como parcerias com empresas conhecidas. O que o leva a articular seu trabalho como uma conquista pela autonomia financeira através de seus trabalhos de arte.
Se por um lado produz em conjunto com empresas e grupos famosos (também) para sobreviver, por outro lado, consegue autonomia para sustentar sua produção e utilizar sua arte como forma politizada pelas ruas. O artista possui um camelô online onde vende reproduções dos seus trabalhos e produtos derivados a partir de 10 reais, chegando até, no máximo, 350 reais.
Referências
https://www.albertopereira.com.br/
http://www.solto.com.br/adianta/artistas/alberto-pereira/