(por Carolina Pereira)
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Ismael Nery (Belém, PA, 1900 – Rio de Janeiro, RJ, 1934) foi um pintor, desenhista e poeta brasileiro considerado um dos precursores do movimento surrealista no Brasil.
Nascido em Belém, Nery passa boa parte da sua infância na cidade do Rio de Janeiro, onde tem o início de seus estudos artísticos na Escola Nacional de Belas Artes, em 1917. Por conta do caráter extremamente acadêmico da Escola, o artista não se adapta ao ensino, mas permanece matriculado pelo menos até 1918. Durante esse período, dedica-se à cópia de esculturas greco-romanas, tomando gosto pela forma humana – que será o foco principal de boa parte de suas inquietações artísticas.
Buscando novas perspectivas, viaja para a França em 1920 e frequenta a Académie Julian por três meses, conhecendo os movimentos modernistas. Busca referências nos quadros dos artistas cubistas, como Pablo Picasso (1881 – 1973), Georges Braque (1882 – 1963), André Lhote (1885 – 1962), Fernand Léger (1881 – 1955) e Jean Metzinger (1883 – 1956). Nery também se interessa pelo Expressionismo alemão e, na Itália, estuda grandes nomes dos artistas do renascimento e dos modernos italianos.
Ao voltar para o Brasil um ano mais tarde, em 1921, foi nomeado como Desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, onde conhece o poeta Murilo Mendes, grande amigo e incentivador de seu trabalho.
Em 1922, casou-se com a poetisa Adalgisa Nery (1905 – 1980), grande inspiração para suas obras.
Ismael Nery diferencia-se dos artistas da Semana de Artes Moderna de 1922 pela temática. Enquanto outros modernos buscavam uma temática nacional em seus trabalhos, a obra de Nery aborda a figura humana e o imaginário, trabalhando simbolismos e as cores de maneira marcante. Neste período, conhecido por ser a primeira fase do artista, produz quadros como “A Espanhola”, 1923 (Imagem 2).
Imagem 2
Influenciado pelo Cubismo, suas formas tornam-se cada vez mais geométricas (Imagem 3) – as formas cilíndricas e ovais ganham destaque na figura humana -, características consideradas representativas da segunda fase de seu trabalho. Na época, a casa do artista vira um ponto de encontro para artistas e outros intelectuais cariocas, o que o leva a desenvolver uma doutrina chamada Essencialismo, isto é, com reflexões de caráter humanista cristão – refletindo diretamente em sua obra (Imagem 4).
Imagem 3
Imagem 4
Em 1927, Ismael Nery viaja com sua esposa e sua mãe para a Europa. Esta viagem influencia fortemente sua pintura a partir da proximidade com um novo movimento de vanguarda: o Surrealismo. O artista, ao conhecer de perto os artistas considerados como os mais representativos do movimento surrealista, como André Breton (1896 – 1966), Marc Noll e Marc Chagall (1887 – 1985), é influenciado por suas temáticas, elementos e personagens recorrentes. A partir desse contato com a estética de vanguarda, suas obras aproximam-se cada vez mais do trabalho de Chagall, influenciado pelas cores vívidas e temas pictóricos líricos (Imagem 5).
Imagem 5
Três anos mais tarde, Nery descobriu ter tuberculose, doença de difícil tratamento para a época, o que o levou à reflexão em sua obra, como por exemplo, quando as figuras são representadas com vísceras expostas e machucadas – a temática da morte torna-se recorrente em suas pinturas (Imagem 6).
Imagem 6
Ismael Ney morre em 1934, deixando um grande legado na arte brasileira, mesmo que tendo participado de algumas exposições, ainda em vida. Seu grande reconhecimento se deu após sua participação (póstuma) nas Bienais de São Paulo de 1965 e 1969.
REFERÊNCIAS
FRAZÃO, Dilva. Ismael Nery. Ebiografia, 2020. Disponível em https://www.ebiografia.com/ismael_nery/. Acesso: 10 de maio de 2022.
ISMAEL Nery. In ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8657/ismael-nery. Acesso: 10 de maio de 2022. Verbete da Enciclopédia.