(Por Nathália Daud, IART-UERJ; Beatriz Campos, turma 2D, CAp-UERJ)
Carioca, nascido em 1974, Gustavo Nascimento Junqueira Ferraz ou, como é mais conhecido, Guga Ferraz (fig. 1).
O artista expõe, na cidade do Rio de Janeiro, seus atravessamentos urbanos e políticos, como objeto e pano de fundo do seu trabalho.
Graduado em Escultura pela Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ), vem atuando de forma individual e coletiva, seja nas ruas ou em galerias, sempre com o tom crítico de quem conhece e vivencia as dores e as delícias da Cidade Maravilhosa.
Iniciada em 2003, a obra acima (Fig. 2) funcionou como uma intervenção nas placas de sinalização urbana. Fazendo referência aos seguidos incêndios provocados nos transportes públicos da cidade, à época. Onde chegou a ter, como uma de suas interpretações, o entendimento de que a ação fazia parte de um movimento de apologia ao crime – neste caso, às práticas de atear fogo nos ônibus.
Já a obra “Cidade Dormitório” (Fig. 3), permanece na “Parede Gentil” – espaço cedido pela Galeria A Gentil Carioca a um artista que se apropria de sua parede externa para o desenvolvimento de trabalhos específicos pelo período médio de 4 meses. A obra teve como objetivo se transformar em um local onde os transeuntes da região central do Rio de Janeiro pudessem descansar. Levando, em um primeiro momento, ao questionamento acerca da massiva realidade das pessoas em situação de rua que acomete o entorno do local da cidade carioca.
Conheça mais sobre a obra acima no Mapa-visual “Imagens Urbanas”.
E ainda pensando a temática urbana que denuncia desigualdades sociais, Guga Ferraz, por meio de um lambe-lambe, em 2012, imprimiu, no Viaduto Paulo de Frontin, a imagem de um céu. Em mais um trabalho, suscita o interesse na reflexão a respeito de realidades cotidianas ignoradas, vividas por pessoas em estado de vulnerabilidade socioeconômica.
Em 2014, o artista utilizou sal grosso para delimitar a extensão do mar que podia ser vista, na região do Bairro da Glória, antes desta ser aterrada. A obra (Fig. 5), que ainda hoje pode ser apreciada por meio dos registros fotográficos realizados no dia da sua execução, relembra os limites e intervenções urbanas sofridas pela cidade do Rio de Janeiro ao longo dos últimos anos, sob a justificativa da expansão e modernização.
E mais recentemente, em 2019, por meio de uma grande peça de xadrez (do bispo), o artista Guga Ferraz fez alusão a um desejo político – ou, talvez, se tratasse de uma profecia. A obra (Fig. 6) tem uma peça caída que remonta à figura do Prefeito religioso da época, conhecido por sua impopularidade. A obra chama o Estado ao desempenho do seu papel laico.
Referências
https://ebacontemporanea.wordpress.com/2017/05/27/guga-ferraz/ – Acesso: nov de 2020.
https://ebacontemporanea.files.wordpress.com/2017/05/ae26_guga-ferraz.pdf – Acesso: nov de 2020.