PROJETO MORRINHO – Nutrição Visual

por Vicente Rocha.

Origem

No ano de 1997, na comunidade Pereira da Silva (figura 1), em Laranjeiras, dois meninos, Cirlã, de 14 anos, e seu irmão Maycon, de apenas 8 anos, passavam parte de seu tempo brincando com algo aparentemente despretensioso e criado por eles mesmos.

Fig 1 – “Projeto Morrinho”, Museu de Arte do Rio (2015).

A brincadeira dos irmãos consistia em utilizar materiais recicláveis, colorir tijolos para, no final, compor um cenário muito semelhante ao da comunidade em que eles estavam. Inicialmente, o cenário era apenas uma diversão entre os dois, mas logo chamou atenção de outras crianças que se juntaram à brincadeira e criaram uma maquete de cores vibráteis e contrastantes e que podem chegar a medir, hoje em dia, até 450 metros quadrados (figura 2). Na época, o fato gerou uma manchete em um jornal local, que foi notado pelos diretores de cinema Markão Oliveira e Fábio Gavião.

Fig 2 – Maquete (atualmente localizada na comunidade), 2017.

História

A dupla de diretores, vendo o potencial dos meninos diante o meio em que moravam, decidiu investir na produção de outros cenários e os resultados foram diversos. A partir de 2001, uma parceria dos jovens artistas com os diretores fora estabelecida e, desde então, começaram a ser produzidas oficinas com técnicas audiovisuais e edições de imagem (figura 3), junto a outras crianças e jovens da comunidade, estimulando a produção cultural local. Da iniciativa, surgiu a “Tv Morrinho”, onde é explorado não apenas a parte artística das obras, mas também com produções de curtas e documentários com temas variados, como violência urbana, desigualdade social, educação pública etc.

Figura 3 – Bastidores da produção (2019).

Legado

O projeto já foi exposto em diversos festivais e museus ao redor do mundo, como no MoMA, Bienal de Veneza e no MAR (figura 1), ganhando reconhecimento nacional e internacional pela sua importância temática, história e estética nacionais. O projeto, hoje em dia, já estruturado como ONG, é desenvolvido em diferentes camadas, como no Turismo (figura 4) e na Arte-educação (figura 5), mantendo o foco de vivacidade da produção urbana e periférica. Os irmãos fundadores (figura 6) continuam à frente do projeto, juntos a outros profissionais da área da Educação, Artes Visuais e Cinema.