por Marco Antonio da Silva.
Historiografia da arte brasileira
Durante nossa pesquisa nos livros didáticos nos deparamos com diversos artistas nacionais que não são conhecidos, não estão inseridos na grande História da Arte, ou simplesmente não são popularmente abordados nas aulas de Artes Visuais.
Com o intuito de incentivar a pesquisa sobre alguns artistas já renomados, ou apresentar os menos conhecidos aos nossos leitores, inauguramos uma série de postagens trazendo uma pesquisa inicial sobre esses artistas. O objetivo é fomentar a nutrição visual tanto aos estudantes quanto aos professores. Ao longo das postagens revisitaremos estes artistas, formando uma teia de ramificações entre eles e nossos projetos.
Quais percursos formam um artista?
Sanagê Cardoso chegou em Brasília com apenas 18 anos, cercado pela arquitetura de Niemeyer e os painéis de Athos Bulcão, naquela época Sanagê tinha certeza de que seria fotógrafo. Formou-se em artes visuais pela Faculdade Dulcina de Moraes e dedicou-se à profissão que amava. Trabalhou em agências de propaganda, revistas, editorais fotográficos e participou de exposições individuais e coletivas. Talvez sua fixação pela figura do clipe de papel venha dessa mesma época: da catalogação e do processo de manipulação da fotografia analógica. Entre um trabalho e outro para alguma agência, Sanagê se dedicava a fotografar esses clipes de papel, fascinado pelas formas e possibilidades.
“O clipe não tem mola, não tem motor, não tem nada, entretanto as relações matemáticas que existem dentro da estrutura do clips fazem com que ele tenha pressão, com que ele tenha força, e paralelo a isso você tem várias formas geométricas: quadrado, retângulo, triangulo. Só isso já te dá uma possibilidade enorme.” ¹
Sanagê atua no processo inteiro de desenvolvimento de sua arte. Acredita que o artista tem que saber fazer, para que possa (de alguma forma), ensinar. Fez curso de serralheria, soldagem e entende toda a técnica de manuseio dos metais. Realiza seus trabalhos em maquetes e orienta os executores a atingirem o objetivo final em sua obra. Relata que comumente utiliza a cor laranja por sua leveza estética: é uma cor que só tem vibrações positivas. O laranja somado aos recortes e posições equilibradas traz leveza ao trabalho em aço e fibra de carbono de Sanagê.
Em 2018 sua coleção Neoclipes esteve Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Nesta coleção ele aprofunda o diálogo entre sua carreira e o trabalho de ícones do neoconcretismo como Franz Weissmann e Amílcar de Castro. Neoclipes é o extensivo trabalho de reestruturação de um objeto, outrora inexpressivo: o clipe.
Os trabalhos de Sanagê acompanham a trajetória do artista entre diversos materiais. Nos ensina que um artista é sempre também um pesquisador, ávido por testar hipóteses e solucionar problemas. Retornaremos ao Sanagê posteriormente, você pode conhecer mais do trabalho dele nos links abaixo.
NOTAS ¹ Entrevista Gravia, Sanagê: um sonhador. Disponível em https://youtu.be/rhnQ5AbAGg0 REFERÊNCIAS Site oficial Sanagê Cardoso. Disponível em https://sanage.com.br/ Facebook Sanagê Cardoso. Disponível em https://pt-br.facebook.com/sanage.cardoso1/