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Pesquisas em Arte

TIMBUCA E FIÚZA

(por Monique Araújo).

Alcécio de Carvalho – TIMBUCA

Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 1927-2008.

O artista Timbuca passou os últimos 50 anos de sua vida no bairro de Fragoso, próximo a Piabetá, Baixada Fluminense.

Em 2002, começa a participar das ações do coletivo de arte contemporâneo Imaginário Periférico, momento em que seu trabalho conquistou muitos admiradores, dentro e fora do coletivo.

Timbuca desenvolveu uma trajetória fora do circuito institucional de arte (como as escolas e a academia), e por ter um estilo semelhante aos desenhos infantis, teve sua arte introduzida no campo da arte popular e do folclore. Apesar do seu trabalho demonstrar uma consciência do papel transformador da arte como ponto de mensagens políticas e ideológicas, o artista produziu obras que foram muito além de “ingênuas”.

A materialidade de suas obras são pesquisas plásticas do próprio artista, materiais descartados como fragmentos de espelhos, pedaços de madeira, arame, isopor, jornal, papelão, sobras de tintas etc. Também utilizou os próprios dedos diretamente em suas telas, mostrando-se pouco preocupado em seguir regras.

Figura 1 – Sem título, Timbuca. Materiais variados.
Figura 2 – Azímbia, Timbuca. Materiais variados.

O universo de Timbuca é cheio de cores, num mundo povoado por personagens e eventos que narram simbolicamente o cotidiano do artista, tais como a arquitetura do subúrbio, as partidas de futebol, além de casas de dança e igrejas.

JOÃO FIÚZA

Fiúza, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 1946-2018.

O artista desenvolve trabalhos artísticos desde 1967. Profissionalmente, Fiúza foi paraquedista mas, desde o início da década de 1970 até os anos 2000, trabalhou como desenhista em diversas empresas de publicidade produzindo murais, faixas, cartazes e serigrafias. Também atuou na área da construção civil, experiência importante para entender suas produções artísticas. Tem sua primeira exposição na Galeria da Universidade Federal Fluminense/UFF, Niterói, RJ.

No início dos anos 2000, Fiúza começa a integrar o coletivo Imaginário Periférico, que tinha como princípio  circular a arte contemporânea para além dos grandes centros econômicos. Foi do artista que partiu o convite para que Timbuca também fizesse parte do grupo.

Morador de Fragoso, distrito de Magé, na Baixada Fluminense, Fiúza foi um dos membros fundadores da Academia de Ciências Letras e Artes de Magé (ACLAM), onde ocupa a cadeira “Pascoal Carlos Magno” o que o levou, ainda hoje, ser considerado um dos mais importantes artistas da cidade.

Figura 3 – Mala, Fiúza. Técnica mista.
Figura 4 – Série Chapas, Fiúza (2004 a 2010). Esmalte sintético sobre chapa galvanizada, 20 x 20 cm.

Em suas telas feitas de chapas de aço galvanizadas, há a marca de suas mãos, o ato lúdico de amassar. Segundo a professora e curadora Renata Gesomino, a singularidade do pesponto se transforma em uma ação cadenciada, associada a uma força inabalável de um artista completo, operário incansável a serviço da arte. (GESOMINO, 2018, p. 8).

Tanto Timbuca quanto Fiúza foram categorizados como artistas naïfs[1] – ou populares. Tais categorias só reforçam a distinção desses artistas como não-eruditos. Isso significa que classificações assim são mais determinadas pelos artistas que as fizeram, do que pelas obras em si. Embora Timbuca e Fiúza atravessem também essas categorias, pode-se afirmar que suas produções são, acima de tudo, expressões da arte contemporânea.


[1] O termo arte naïf aparece no vocabulário artístico, em geral, como sinônimo de arte “ingênua”, original e/ou instintiva, produzida por autodidatas que não têm formação culta no campo das artes. (Enciclopédia Itaú Cultural, SP, 2021).

REFERÊNCIAS

GESOMINO, R.; AQUINO, V. Timbuca e Fiúza: estória que a vida conta. Galeria Candido Portinari, Rio de Janeiro, 2018.

ARTE Naïf. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo5357/arte-naif. Acesso em: 04 de Mai. 2021. Verbete da Enciclopédia.

GESOMINO, Renata. Revista Arte Contexto. Disponível em:

http://artcontexto.com.br/artigo-edicao03_renata_gesosimo.html.

Acesso em: 04 de Maio de 2021.

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