Em um país como o Brasil o hábito de leitura e acesso à livros são questões muito sensíveis e complexas na área da educação. A prática de ler amplia o vocabulário e atua diretamente no desenvolvimento psíquico das crianças. O livro didático é uma ferramenta de ensino que traz consigo, como observado em nossas referências bibliográficas, um recorte de época. Infelizmente muitos alunos em sua trajetória escolar têm a possibilidade de manusear apenas o livro didático.
O livro didático torna-se ainda mais fundamental se o professor, em início de carreira, ou por algum outro motivo, passa a utiliza-lo como um guia restritivo, e não como um repertório de conteúdos possíveis de serem explorado/aprimorados em sala de aula.
Neste sentido o artigo, aqui sugerido, de Irene Tourinho e de Lívia Brisolla: O livro didático de artes visuais e o profissional reflexivo, discute a ideia acerca da formação de professores reflexivos.
Este tipo de profissional foi proposto pelo pedagogo norte-americano Henry Giroux, na obra Os professores como intelectuais. Rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem, de 1997. É importante ressaltar que Giroux é um dos principais teóricos da Pedagogia Crítica, partilhando publicações com Paulo Freire, que escreve o prefácio da obra em questão.
Giroux propõe reformas na educação meramente tecnicista. Em sua visão a escola é uma instituição essencial para a manutenção e desenvolvimento de uma democracia crítica (GIROUX, 1997). Podemos observar no recorte abaixo:
Primeiramente, eu acho que é imperativo examinar as forças ideológicas e materiais que têm contribuído para o que desejo chamar de proletarização do trabalho docente, isto é, a tendência de reduzir os professores ao status de técnicos especializados dentro da burocracia escolar, cuja função, então, torna-se administrar e implementar programas curriculares, mais do que desenvolver ou apropriar-se criticamente de currículos que satisfaçam objetivos pedagógicos específicos. (GIROUX, 1997, pág.58)
As mudanças seguem um rumo que considera o professor como um agente transformador, tal como todo o processo educacional, e estabelece que esse profissional reflexivo se ocupa com a busca e aperfeiçoamento diante dos desafios impostos pelo processo educacional. Para o professor reflexivo essa busca significa maior crescimento intelectual e autonomia do aluno (TOURINHO, BRISOLLA, 2012).
O artigo de Tourinho e Brisolla investiga a prática docente a partir deste cenário, indicando rumos à relação que o professor reflexivo deve ter em relação ao livro didático, e aos desafios que encontra no cotidiano escolar.
Referências:
TOURINHO, I. BRISOLLA, L. O livro didático de artes visuais e o profissional reflexivo: relações possíveis. in MONTEIRO, R. H. e ROCHA, C. (Orgs.). Anais do V Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual. Goiânia-GO: UFG, FAV, 2012. Disponível em https://seminarioculturavisual.fav.ufg.br/ acessado em 01/07/2020.
GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
MENÁRGUEZ, A. T. Henry Giroux: “A crise da escola é a crise da democracia”. El país, Barcelona, 19 de maio, 2018. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/09/internacional/. Acessado em: 01 de jul. de 2020.