A pesquisa dos conteúdos de Artes Visuais e História da Arte nos livros didáticos
Os livros didáticos em estudo são, na verdade, coleções voltadas à disciplina curricular Artes (artes visuais, música, teatro e dança). As editoras Positivo, Saraiva, FTD, Editora do Brasil, SM, Moderna, Scipione, Ática são mais recorrentemente pesquisadas porque são as editoras que submetem seus exemplares ao Instituto de Aplicação / CAp da Universidade do Estado do Rio de Janeiro / UERJ – local onde a pesquisa ocorre. Apesar de termos a informação que as demais escolas públicas e também da rede privada de ensino do Rio de Janeiro, variavelmente, recebem as mesmas coleções.
Algumas hipóteses balizam a pesquisa em tais coleções didáticas:
- As linguagens visuais nacionais são proeminentes como referências estéticas culturais? Na mesma medida que a arte internacional?
- Há alguma recorrência entre a historiografia da arte e a cultura visual cotidiana, ou seja, entre as remotas alegorias estéticas e as expressões artísticas da atualidade?
- Os eixos temáticos incentivam o professor a dinamizá-los frente às suas próprias ideias e reflexões estéticas?
- As diversas realidades culturais dos alunos são consideradas para o desenvolvimento poético em sala de aula?
- A Arte é disciplina integrante de planos curriculares trans e interdisciplinares? As Artes (artes visuais, música, teatro e dança) brasileira são integradas nos programas curriculares?
- E a arte da contemporaneidade, é enfatiza em consonância com a historiografia da arte?
As questões acima foram formuladas com caráter de projeto de pesquisa de iniciação científica / PIBIC, quer dizer, anteriormente ao desenvolvimento propriamente dito da pesquisa, o que não invalida sua pertinência no decorrer do estudo e, inclusive, para a obtenção dos resultados. Achamos mais conveniente discorremos sobre as decorrências constatadas a partir de uma abordagem ampla e genérica, mesmo porque não buscou-se autorização para a publicização juntamente às editoras. Acredita-se que tal metodologia não compromete a explanação dos resultados até aqui considerados.
Livros didáticos, características gerais
Os livros didáticos de Artes contemplam as diferentes linguagens artísticas com proposta multidisciplinar e com contextos diferenciados que ampliam a visão de mundo dos alunos, tendo como base a aprendizagem significativa.
Os autores destes livros são especialistas nas quatro linguagens artísticas que os livros apresentam, porém não são profissionais com larga experiência no magistério e/ou apresentam currículo relevante com publicações acadêmicas. Algumas editoras não publicam os nomes dos professores colaboradores nas publicações.
A organização de certo modo rizomática de temas e atividades artísticas para auxiliar no planejamento do docente nos chama a atenção devido à diversidade, apesar de parecer um tanto confuso no que tange à diagramação da página. Alguns livros trazem um CD-ROM e, já na capa, um código de acesso à demais conteúdos pedagógicos nos seus respectivos sites.
Cada volume traz conteúdos e propostas adequados a cada faixa etária, sendo divididos em temáticas, tais como brincadeira; identidade; ambiente; comunicação; espaço; corpo; movimento; tempo; tempo das tecnologias, cultura visual; sistemas de gravação de áudios e vídeos; diversidade; sexualidade; educação inclusiva etc.
Às referências a Base Nacional Comum Curricular / BNCC (2018) é notadamente recursiva em todas as coleções / editoras.
Destaque para as indicações bibliográficas mencionadas com frequência, apesar de recursivas.
Os diversos procedimentos de avaliação indicados nas coleções são apresentados em diferentes formatos, tais como: dinâmica, diário, portfólio, processual.
Quanto aos conteúdos relacionados à arte nacional/brasileira é quantitativamente pouco reentrante nos programas curriculares. A abordagem qualitativa também é recursiva, haja vista os mesmos artistas e estilos estéticos serem apresentados nas coleções pesquisadas. A historiografia da arte internacional, prioritariamente europeia, tende a ser predominante nos livros.
Em geral a cultura visual do cotidiano e as particularidades regionais são pouco mencionadas e relacionadas à arte internacional.