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Pesquisas em Arte

Anita MALFATTI

(por Monique Durand; Aline Nascimento)

Anita Catarina Malfatti (São Paulo, São Paulo, 1889 – São Paulo, São Paulo, 1964) foi uma das artistas que participou da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu em São Paulo. Utilizando a pintura, gravura e desenho como principais materialidades durante a sua carreira, Malfatti costumava retratar pessoas, paisagens e o cotidiano, no geral. Assim como alguns autorretratos.

Autorretrato (1922)
pastel sobre papelão,
25,5 cm X 36,5 cm

 

Malfatti ganhou destaque por ser uma das pioneiras do movimento modernista, além de ser uma das poucas mulheres a estar inserida no meio artístico, ainda dominado por homens.  

A artista nasceu com atrofia no braço e na mão direita, o que a fez aprender a utilizar a mão esquerda. Sua mãe, Bety Malfatti, ensinou a filha a usar os pincéis desde cedo e, no ano de 1910, com a ajuda financeira de seu tio, a jovem viajou à Europa para prosseguir com os seus estudos.

Durante sua estadia na Alemanha, Anita aprendeu diversas técnicas do Expressionismo, como o uso contrastante de cores e de formas assimétricas, como estética em profusão no país naquela época.  

A floresta (1915)

Em 1914, Malfatti retorna ao Brasil por um curto período de tempo, onde realizou a sua primeira exposição individual e, em 1915, viajou aos Estados Unidos para estudar em um ambiente que, de fato, proporcionou o seu desenvolvimento como artista modernista. 

Em 1917, Malfatti voltou a morar em São Paulo e realizou a sua segunda exposição individual, chamada Exposição de pintura moderna Anita Malfatti”, com o total de 53 obras em exibição.

Tropical, 1917
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil​

Por suas obras serem tão diferentes do realismo acadêmico, ainda tão comum na época, suas telas causaram uma reação mista no público: uma certa curiosidade por essas novas produções pictóricas ao mesmo tempo em que eram consideradas como “algo estranho”. De fato, sua exposição chamou a atenção do autor Monteiro Lobato que, no mesmo ano, escreveu uma crítica denominada “A propósito da exposição Malfatti”, que depois ficou conhecida como “Paranoia ou mistificação?”, publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”. As críticas culminaram em uma forte reação negativa por parte do público e na devolução de 5 dos 8 quadros vendidos nesta Exposição. Tal fato levou os amigos de Anita Malfatti a partirem em sua defesa e reuniram-se com outros artistas e escritores para a organização da Semana de Arte Moderna de 1922, cuja proposta foi a inovação e exaltação de uma identidade brasileira através das linguagens da Arte, Dança, Música e Poesia. Além disso, foi criado o Grupo dos Cinco, composto pelas artistas Anita Malfatti e Tarsila do Amaral juntamente aos escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. O apoio dos amigos foi essencial para motivar Malfatti a exibir suas pinturas durante a Semana de 22. Com exceção de Tarsila do Amaral, todos os integrantes do Grupo dos Cinco participaram do evento, além de Zina Aita, Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, entre outros. 

A artista, sem dúvida, foi uma figura importante da Semana de Arte Moderna – ampliada ao Modernismo. Revolucionou, junto aos artistas do Grupo dos Cinco, a identidade cultural do nosso país abordando temas do cotidiano, como a fauna e flora, usando técnicas ousadas e inovadoras – à época. Colocou em cena trabalhadores, negros e indígenas que, até então, não tinham visibilidade nas obras vanguardistas eurocentradas/acadêmicas. ​ 

 Índia, 1917
 pastel sobre papel​
Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio

As obras de Anita Malfatti, é inegável, sofreram transformações ao longo do tempo. É possível que as críticas recebidas em 1917 tenham impactado a artista a ponto de modificar a sua forma de se expressar, produzindo pinturas mais realistas – para tentar se aproximar do que era reconhecido como arte, à época. Entretanto, tais mudanças podem ter ocorrido por conta de Malfatti gostar de experimentar novos modos do fazer artístico, recorrente na primeira metade do século XX – contudo, estas, por hora, são apenas especulações em torno de suas obras. 

Atualmente, algumas de suas obras mais importantes figuram nos grandes museus do país, como A Estudante(1915), no Museu de Arte Moderna de São Paulo; “Vista de uma Rua” (dec. 30), no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro; e “A Boba” (1915-6), no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (abaixo nesta ordem).​

Outras obras importantes da artista e que merecem destaque:

Mario de Andrade (1921)

O farol de Monhegan (c. 1915-7)

Itanhaém (1948)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ANITA Malfatti. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em  https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8938/anita-malfatti. Acesso 28 abr. 2022. Verbete da Enciclopédia.  

CUNHA, J. A polêmica exposição de Anita Malfatti. In Revista Desvio, 2021. Disponível em: https://revistadesvio.com/2021/07/20/a-polemica-exposicao-de-anita-malfatti/. Acesso 05 abr. 2022. 

http://ver-anitamalfhttp://ver-anitamalfatti.ieb.usp.br/atti.ieb.usp.br/

https://mam.org.br/exposicao/anita-malfatti-100-anos-de-arte-moderna/

https://www.scielo.br/j/rieb/a/zj5Yn8JbtgBsZcc6zKzgQCp/?lang=pt

Os cadernos de Anita Malfatti no IEB. Rev. Inst. Estud. Bras. (71) • Sep-Dec 2018.