(por Davi Teixeira da Costa, bolsista Prodocência)
Art Déco é um estilo artístico que teve início no começo do século XX. Seu auge se deu por volta dos anos 1925. Nesse ano, ocorreu, em Paris, a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas dando grande visibilidade ao estilo.
Diferentemente dos movimentos artísticos da época, que em grande parte tratava de temas ligados mais à política e a filosofia, o estilo Art Déco volta-se a um público elitizado ao utilizar diversos materiais refinados e de alto custo, como laca, jade e marfim.
Aos poucos, a arte foi se popularizando e, a partir de 1934, muito por conta da exposição Art Déco em Nova York, no Metropolitan Museum, o estilo ganha um caráter mais de produção industrial, buscando atingir um público mais popular através da moda, decoração e bijuterias, por exemplo.
O termo Art Déco vem do francês “arts décoratifs” (artes decorativas em português). Com origem europeia, ocorre principalmente no período entre guerras (1918 a 1939). O estilo foi, lentamente, expandindo-se para a América do Norte e Sul. Ao contrário do Art Nouveau – estilo que se distinguia pela simetria, efeitos florais e linhas onduladas com inspiração na natureza -, o Art Déco caracteriza-se através de figuras geométricas, abstração de formas e linhas retas.
Diversos estilos artísticos como o cubismo, construtivismo, fauvismo e o futurismo influenciaram na formação dos conceitos do Art Déco. Como estilo, o Art Déco foi muito amplo, e se notabilizou em várias áreas como Artes Plásticas, Cinema, Moda, Design de interiores, Arquitetura, entre outras.
Aqui no Brasil, o Art Déco teve uma presença significativa na arquitetura. O prédio da central do Brasil, no Rio de Janeiro, datado de 1946, tem no seu icônico relógio (um dos mais imponentes quatro faces do mundo) a notável predominância do uso de formas geométricas e ornamentos com design abstrato – esta é uma das principais referências do estilo artístico-arquitetônico.
Outro grande exemplar do estilo, no Rio, é a estátua do Cristo Redentor.
Situada no morro do Corcovado, a estátua do Cristo detém o título de maior construção de Art Déco do mundo, além de ser um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro, cidade que é considerada a capital do movimento na América Latina possuindo aproximadamente 400 construções no estilo. Os responsáveis pela construção da estátua do Cristo são Heitor da Silva Costa, Paul Landowski e Albert Caquot.
Nas Artes Plásticas, o estilo também teve grande destaque. O arquiteto e escultor Victor Brecheret (Itália, 1894 – SP, 1955) na escultura chamada “Dayse”, obra que foi esculpida em mármore encomendada pelo escritor Osvaldo de Andrade homenageando sua esposa Maria de Lourdes Olzani (ou apenas Deisi), apresenta traços do estilo decorativo.
Outra obra de Victor Brecheret no estilo Art Déco com grande relevância é o “Monumento às Bandeiras”. Localizada no Parque Ibirapuera, na cidade de São Paulo, foi inaugurada em 1954. A obra esculpida em granito traz vários significados: o mais difundido é o que representa uma homenagem aos Bandeirantes grupo que, no período quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa, invadia e desbravava o território, caçava, massacrava e capturava indígenas, e também ia em busca de ouro e pedras preciosas. Outra ideia é que simbolizaria a elite de São Paulo, que teria uma forte identificação com sua ancestralidade. Com um significado ou outro, pode-se perceber que o monumento tem as personagens com formas geometrizadas e linhas simplificadas.
Na pintura, podemos ressaltar as obras “O lobo e a ovelha” e “Arlequim e Bandolim” do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro (PE, 1899-1970). Seu estilo evidencia os contornos reluzentes, típicos da Art Déco, com os traços da cerâmica marajoara. Muitas de suas obras foram inspiradas em lendas da Amazônia. Seu estilo, sem dúvida, foi influenciado pelo Art Déco parisiense, onde o artista viveu no auge do movimento.
Referências
DEBIASE, F. (et al). Influência do art déco no Brasil: Biblioteca Mario de Andrade. Anais do 15º Encontro Científico Cultural Interinstitucional e 1º Encontro Internacional – 2017. Disponível em: https://www.fag.edu.br/mvc/assets/pdfs/anais-2017/ELISE%20AKEMI%20GROSSKLAUS-eliseakemi_@hotmail.com-1.pdf
RUBINSTEIN, Mauro. O Cristo do Rio. Rio de Janeiro, Ed do autor, 1999.
https://www.todamateria.com.br/art-deco/
https://laart.art.br/blog/art-deco-no-brasil/
https://www.westwing.com.br/guiar/art-deco/