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Artistas em pesquisa

CABOCO

(por Antonio, turma 2D CAp-UERJ; Davi Teixeira, bolsista Prodocência) 

Revisão Daniela Cassinelli 

Gustavo Caboco (Curitiba, 1989), mais conhecido como “Caboco”, é um artista brasileiro que encontra no desenho, no texto e no bordado, formas estéticas que dialoguem com sua origem indígena.  

Em fala à reportagem “Plantar o Corpo”, o artista aborda sobre a escolha pelo nome artístico já que o termo “Caboco” tem um histórico pejorativo:

                       Essa palavra desloca a identidade indígena pro caboco, como se você não pudesse mais ser. Quem chama assim é o fazendeiro e é algo que diminui, mas tentei fazer uma inversão de olhar, o deslocamento como lugar de diálogo, entre Gustavo, Caboco e Wapichana”, explica. “O sistema de pensamento branco acaba usando do artifício da mistura para negar ou apagar raízes, então, para mim, esse caboco só faz sentido se estou em diálogo com os Wapichana.

Caboco cresceu num ambiente urbano ouvindo histórias de sua mãe Lucilene, uma Wapichana da terra indígena Canauanim (Boa Vista, Roraima). Apesar de sua mãe ter saído da aldeia aos 10 anos de idade, em 1968, suas histórias foram reavivadas quando o artista conheceu sua avó e demais familiares indígenas.

As obras de Caboco são produzidas “justamente nesses caminhos de retorno à terra, no fortalecimento das raízes com a terra e seus parentes, ecoando as vozes do povo Wapichana e dos entes a quem eles sabem dedicar escuta, como as plantas, as pedras, as serras, os céus e os rios. É dessa forma que o artista costura o pessoal com o político e o cultivo da memória às possibilidades de futuro”. (texto retirado da página do artista na Bienal de São Paulo). 

Sem título (2020).

Ouve Wapichana 
 
Pé no chão, 
pé de ouvido. 
Enterra, semente desperta. 
Corpo é terra 

Ouço a terra. Piso. 
Ao alto da terra. Chão. 
Morte na terra. Subterrâneo. 
Retorno à terra. Caminho. 
 
Pouco espaço 
 
“O morto não descansa.” 

Ouve a Wapichana, também ouve a Guarani. 
 
– Perdão, filha. 
Toma birita, lazarentão.

A oferenda tá no teu corpo

e teu santo mora no líquido dentro do vidro: avermelha os zóio e incha a cara. 
– Essa cachaça não me pertence. 
Onde está cauim, caxiri, caracu? 
– Resiste o contexto, re-existe o canto, re-existência, retomada, repatriação.  
51 é uma boa ideia colonial.

Caboco também é atuante em performances onde traz reflexões nas ocupações que propõe.

Indicado ao prêmio PIPA 2022, Caboco também participou da 34° bienal de São Paulo.

http://34.bienal.org.br/artistas/7863

Com sua Arte, Caboco resgata a memória do seu povo e a importância da luta pela afirmação de sua existência e cultura indígena.  

Conheça outras obras do artistas em 

Referências 

https://www.instagram.com/gustavo.caboco/

http://www.caboco.tv/

https://amlatina.contemporaryand.com/pt/editorial/gustavo-caboco-connecting-indigenous-histories-in-brazil/

https://d2yzvs8qffn37r.cloudfront.net/wp-content/uploads/2022/04/32-DSCF3422-Gustavo-Caboco-150×150.jpg