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Artistas em pesquisa

MULAMBÖ

(por Carolina Pereira, Mestranda PPGEB)

Mulambö (1985, Saquarema, RJ-) é artista visual e tem como poética trabalhar a memória e os aprendizados relacionados à sua família e o local que nasceu e vive até os dias de hoje. Seu nome artístico, por exemplo, já é uma referência a esta memória, pois se origina da forma que sua mãe o costumava chamar: “esmolambado”.

Parte-se dessa história, em que vida, memória e ancestralidade encontram-se em pinturas e esculturas nos mais diversos suportes, convencionais ou não.  Na obra “São Sebastião do Rio de Janeiro” (Figura 1), Mulambö utiliza pneus como suporte de sua obra. Nela, a temática principal é a religiosidade carioca, onde é representado o padroeiro e santo católico da cidade do Rio de Janeiro, mas também conhecido por ser a Oxóssi na Umbanda – percebe-se as relações ancestrais e da memória do passado da cidade do Rio e seus diálogos com o presente.

São Sebastião do Rio de Janeiro, acrílica sobre pneu, 2019.

O carnaval e o samba também ganham destaque no seu trabalho artístico através de símbolos com significados subvertidos. Na exposição “Ourubu”, realizada no Instituto dos Pretos Novos, localizado na Gamboa, Rio de Janeiro, o urubu não é visto como o animal relacionado à morte e ao lixo. Ele é símbolo de renovação e do coletivo, uma resistência perante o pensamento hegemônico. Nas palavras do próprio artista: “Ourubu é uma homenagem a todos os trabalhadores da cultura, todos os grandes artistas que encontramos no dia a dia, mas não encontramos nos livros e nas legendas” (MULAMBÖ, 2021).

Abaixo, um urubu dourado foi elaborado pelo artista e pelo barracão da Vila Isabel, construindo uma estátua de cerca de dois metros de altura. A ave está tão imponente quanto às aves consideradas mais “nobres”, como a própria ave da Portela. 

Ourubu, trabalho realizado em parceria com Max Müller e com a colaboração de Adriano Zerbone e Leandro Assis. Isopor, ferro, tecido pastilhado e tinta spray, 2021.

Já na figura 3, o sistema digestivo da ave ganha destaque como uma metáfora para tudo aquilo que nos alimenta e nos deixa vivo, não se referindo apenas à comida, mas a todos os conhecimentos que adquirimos ao longo do tempo e que nos transformam.

Estômago, acrílica sobre papelão sobre tecido, 2022.

Mulambö expôs seu trabalho em diversas galerias e instituições do Rio de Janeiro e do restante do país. Em sua figura e obra, refletimos como a memória e o ser suburbano estão intimamente ligados e nos levam a refletir questões importantes sobre a atualidade da nossa cidade.

REFERÊNCIAS

MULAMBÖ. Sobre. Mulambeta. 2022. Disponível em: https://www.mulambeta.com.br/sobre. Acesso: 15 dez 2022.

REVISTA Desvio. Entrevista com Mulambö. 2020. Disponível em: https://revistadesvio.com/2020/01/10/entrevista-mulambo/. Acesso: 15 dez 2022.

INSTITUTO dos Pretos Novos. Galeira. Pretos Novos. 2022. Disponível em: http://pretosnovos.com.br/galeria/. Acesso: 15 dez 2022.

https://www.instagram.com/mulambeta/