(por Monique Durand)
Ivan Serpa (RJ, 1923 – 1973) foi um artista carioca que, durante a sua carreira, utilizou diferentes técnicas em suas obras, dentre elas a gravura, a pintura e o desenho. Além de ser artista, Serpa também foi professor até o final da vida, lecionando arte principalmente para crianças e adultos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Dessa forma, ele participou ativamente na formação de diversos artistas, que nos anos seguintes formariam o Grupo Frente.
No início do século XX, a Escola Nacional de Belas Artes ainda possuía grande influência na formação de artistas. Porém, Ivan Serpa decidiu que não gostaria de seguir pelo caminho tradicional, mas por um aprendizado ‘mais livre’. Dessa forma, no começo dos anos 40, ele se tornou aluno do austríaco refugiado Axl Leskoschek (Graz, Áustria 1889 – Viena, Áustria 1975), que também lecionou com artistas como Fayga Ostrower (Polônia, 1920 – Rio de Janeiro, 2001) e Edith Behring (Rio de Janeiro, 1916-1996). Nas aulas de Leskoschek, Serpa se encantou pela gravura e adotou as formas geométricas na sua linguagem artística.
Serpa é um dos nomes importantes quando se fala sobre arte concreta no Brasil. Valorizando a matemática, o uso de palavras e elementos formais – como linhas, pontos e planos -, o concretismo se estabeleceu no país especialmente com a participação dos artistas suíços, como Sophie Taeuber-Arp (Suíça, 1889 – 1943) e Max Bill (Suíça, 1908 – Berlim, 1994), que participaram da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951. Nesse evento, Serpa expôs a obra “Formas” – que o fez ganhar o prêmio de Melhor Pintor Jovem – e também teve contato com as obras da delegação suíça, o que o inspirou a continuar seus estudos com elementos geométricos.
É importante destacar que nem sempre as obras de Serpa seguiram por esse caminho. Durante o início da década de 60, elas passaram pela fase “Crepuscular”, assim denominada pelo próprio artista. É possível observar nuances mais expressionistas – como na obra “A grande cabeça” (1964), obra no Mapa visual Crepúsculo – com a utilização da gestualidade, contrastando com a racionalidade e precisão tão marcantes na arte concreta, além das cores vibrantes. Entretanto, ela não durou por muito tempo e Serpa logo voltou à fase geométrica, a partir de 1965.
Ao longo da vida, o artista participou de inúmeras exposições como, por exemplo, algumas edições da Bienal de Veneza e da Bienal de São Paulo. Com o Grupo Frente, ele participou também da Exposição Nacional de Arte Abstrata, que aconteceu no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, no ano de 1953. Além dele, alguns de seus alunos, como Lygia Pape (RJ, 1927-2004), Hélio Oiticica (RJ, 1937-1980) e Aluísio Carvão (Pará, 1920-RJ, 2001), foram integrantes do grupo.
Ivan Serpa faleceu no Rio de Janeiro em 1973, aos 50 anos de idade, deixando um marco não apenas para a história da arte brasileira, mas também para inúmeras pessoas que tiveram a oportunidade de serem seus alunos.
Hoje em dia, suas obras fazem parte do acervo de diversos museus, como a Pinacoteca de São Paulo; o Museu de Arte Contemporânea da USP/MAC e o Museu de Arte do Rio de Janeiro/MAM.
Referências Bibliográficas
BELLESA, Mauro. O INÍCIO da arte concreta e neoconcreta no Brasil. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 30 nov. 2017. Disponível em: http://www.iea.usp.br/noticias/as-exposicoes-inaugurais-da-arte-concreta-e-neoconcreta. Acesso: 12 jan. 2023.
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL. Ivan Serpa: a expressão do concreto. Curadoria de Hélio Márcio Dias Ferreira e Marcus de Lontra Costa, Rio de Janeiro, 2020. p.8-22. (catálogo de exposição).
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