(por Marco Antonio da Silva)
(Carolina Cardoso, Jaqueline Vitorino, Leonardo Gondim, Miguel Grangeia, Nicolle Oliveira e Victoria Miranda, turma 2C CAp/2022)
(Ana Beatriz Cardoso; Rayane Salles; Sarah Soares, Turma 2D CAp/2022)
Conhecido como Carybé, Hector Julio Paride Bernabó, fora o filho mais novo de um italiano e uma brasileira. Nascido em 1911 na cidade de Lanús, Buenos Aires, Carybé acompanhou de perto as transformações do século XX tanto na América do Sul quanto na Europa.
Uma curiosidade é que Bernabó passou a ser conhecido como Carybé quando mudou-se para o Brasil. Recebeu o apelido que significa “pequeno peixe”. Por ter um irmão que também era artista plástico, ele adotou o apelido como nome artístico, pois se colocasse seu sobrenome, não conseguiria se destacar.
Sua família viajava muito, chegando a passar um período, antes da primeira guerra mundial, em Roma. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro e Buenos Aires. A vocação artística descende de sua mãe que fazia artesanato e ensinava o ofício a ele e a seus irmãos mais velhos. Durante boa parte da infância o artesanato fora o sustento da família. Carybé e seus irmãos trabalharam na decoração de hotéis e no carnaval carioca. Durante a década de 1920, Carybé e seus irmãos trabalharam como ilustradores para alguns periódicos e, no final dessa mesma década, ele tem uma passagem pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Posteriormente, seguiu retornando à Argentina.
Na década seguinte, em 1930, se encanta pela Bahia participando ativamente da renovação das artes plásticas. E dedica-se ao estudo do Candomblé, capoeira, samba de roda e a cultura afro-brasileira, em Salvador.
Entre os anos de 1935 e 1936, Carybé, juntamente ao escritor argentino Julio Cortázar, começa a trabalhar como desenhista no jornal El Diário. Por causa do seu trabalho, ele é transferido para Salvador, em 1938. Porém, somente em 1950, torna-se um baiano “legítimo”. Em terras baianas, Carybé atinge seu real reconhecimento no mundo da arte o que o levou a ampliar sua área de trabalho nos anos seguintes.
Carybé se instala definitivamente no Brasil, naturalizando-se na década de 1950.
Os trabalhos de Carybé são distribuídos em pinturas, gravuras, mosaicos, entalhes, murais, azulejos. O tema comum é o cotidiano de pessoas humildes: os trabalhadores, as lavadeiras, a população e o cotidiano da Bahia, além da religiosidade do Candomblé. Ao fim de sua vida, o artista já contabilizava mais de 5 mil obras e um impacto significativo no mundo das Artes.
Ao longo de sua carreira, no entanto, Carybé manteve relação muito próxima com Jorge Amado, ilustrando diversos livros do escritor, como “Olha o Boi” e “Bahia, Boa Terra Bahia”, além de produzir roteiros que lhe renderam alguns prêmios.
Além de Jorge Amado, Carybé também manteve relações com diversos outros proeminentes artistas como Rubem Braga, Pierre Verger, Mario Cravo Júnior, Genaro.
Talvez a obra mais icônica, voltada para o imaginário religioso, de Carybé seja “Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia”. Um trabalho fruto de mais de 30 anos de estudo e dedicação à cultura afro-brasileira. São 128 aquarelas compiladas em uma publicação de 1980. Servindo como marco histórico na iconografia da cultura brasileira.
Fazendo um paralelo com a obra de Debret, o recorte de Carybé não é apenas um registro de costumes da cultura brasileira, é um exemplo de preservação e enaltecimento dos valores oriundos da África e por ventura, do sincretismo de diversas culturas que formam a religiosidade brasileira.
Destacamos a obra “Carnaval” (1986)
Disponível em https://www.espacoarte.com.br/obras/5762-carnaval
A obra “Carnaval” apresenta uma perspectiva muito particular de como o artista entendia a realidade do Carnaval. No quadro, vemos diversas pessoas sem distinção de gênero, o que nos leva a ter diferentes análises sobre seus motivos para isso. Uma delas é que, talvez, o artista busque mostrar esse lado do Carnaval, onde se tem a cultura de usar a roupa que quiser, de sentir-se mais confortável e se divertir nessa experiência sem se importar com o que a sociedade define como “a roupa apropriada para o seu gênero”. Contudo, a obra consegue ser abrangente em diversificados aspectos, tanto nos diferentes tons de pele negra que existem – Carybé teve o cuidado de representar os negros light skin, brown skin e os dark skin – até a representação das culturas baiana e africana num misto de etnias africanas. Outro aspecto que merece ser destacado na obra Carnaval é o fato de ser uma pintura muito colorida, transmite sensação de alegria – como é a festa do Carnaval desde sempre.
Para conhecer mais do trabalho de Carybé visite o Instituto Carybé https://www.facebook.com/InstitutoCarybe
Referências bibliográficas
https://www.suapesquisa.com/biografias/carybe.htm