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Docência

É uma escolha? O livro didático e o cotidiano escolar

Rafael Marques Gonçalves é docente e pesquisador na Universidade Federal do Acre. Em seu artigo “Usos e consumos no/do cotidiano escolar”, publicado na Revista Espaço do Currículo, ele apresenta uma pesquisa elaborada a partir de entrevistas com professoras da rede municipal de uma cidade do interior do Rio de Janeiro.

Nestas entrevistas as participantes compartilham suas práticas e conhecimentos acerca do cotidiano escolar, da elaboração do currículo e sobre a implementação do livro didático.

Gonçalves esclarece que as professoras estão cientes do jogo político que cerca a escolha e implementação do livro didático, sendo o livro didático uma mercadoria regida pelas leis de consumo e mercado.

Gonçalves esclarece que o Governo dispõe de dois programas para distribuição de livros: o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). O PNLD atente as escolas com livros didáticos enquanto o PNBE promove incentivo à leitura através da distribuição gratuita de obras de literatura.

No processo de definição dos livros didáticos o Governo lança um edital e as editoras respondem com coleções de livros didáticos adequados ao edital. Após uma avaliação essas coleções passam a compor o guia de livros didáticos, e posteriormente as equipes docentes das escolas escolhem os livros que serão implementados.

A problemática

Infelizmente em sua trajetória escolar muitos estudantes tem contato apenas com o livro didático, estabelece-se assim o livro como uma poderosa ferramenta política e ideológica na formação de cultura no âmbito nacional.

Como o mercado de editoras é bastante acirrado, parcerias são firmadas e as editoras maiores e mais tradicionais acabam oferecendo (vendendo) mais exemplares. Desde modo, fica o questionamento: como ficam a metodologia, as regionalidades, a cultura popular se os livros são produzindo em âmbito nacional, e de certo modo, ignorando certas especificidades locais?

Durante nossa pesquisa discutimos inúmeras vezes sobre a ficha técnica dos livros e quem são os profissionais que elaboram os livros didáticos, e chegamos a uma constatação muito parecida com um dos aspectos principais do artigo de Gonçalves: no jogo político do livro didático, a opinião dos docentes é comumente invisibilizada.

Referências:
GONÇALVES, R. M. USOS E CONSUMOS NO/DO COTIDIANO ESCOLAR: uma conversa sobre práticas, currículos e livros didáticos. – DOI 10.22478/ufpb.1983-1579.2019v12n1.39838 Revista Espaço do Currículo, v.12, n.1, 2 mar. 2019.

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