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Artistas em pesquisa

MARCELO D’SALETE

por Bianca Fonseca.

Site: https://www.dsalete.art.br/

Marcelo D’Salete (São Paulo, 1979) é considerado um artista multifacetado, estudou design gráfico, graduou-se em artes plásticas, é Mestre em História da Arte, professor, pesquisador, ilustrador, desenhista, autor e roteirista de HQ’s. Possui o que consideram um traço sombrio e poético apinhado de subjetividades e mistérios, ora flertando com o Expressionismo Alemão, ora com o Realismo Francês.

D’salete já teve suas histórias em quadrinhos publicadas em expressivas revistas do gênero, como a universitária Quadreca, a eslovaca Stripburger, a argentina Suda Mery k! e as brazucas Front, Graffiti, Contos Bizarros e +Soma.

Algumas das referências utilizadas pelo artista para produzir trabalhos vêm do cinema, como: Shari Springer Berman, Robert Pulcini e Takashi Miike. Outras referências são os desenhistas Miguelanxo Prado, Neil Gaiman, Sam Keith, Katsuhiro Otomo e Lourenço Mutarelli.

É impossível desvincular a produção de D’salete das questões relacionadas à discussão étnica contemporânea, embora esses assuntos sejam recorrentes, o artista tem projetos em outras frentes.

Trajetória Artística

Em 2008, publica o aclamado Noite Luz, Editora Via Lettera, que foi indicado como um dos 100 melhores quadrinhos da década pelo site argentino Comiqueando.

Em 2009, ilustra o livro A Rainha da Bateria, pela Companhia Editora Nacional & Lazuli. Trata-se do segundo livro infantil do escritor, compositor e cantor Martinho da Vila, que conta a história de Maria Luisa, uma menina que mora perto de uma quadra de escola de samba e gosta de música brasileira.

Em novembro de 2014, publica Risco, pela Editora Cachalote. Conta a história de um guardador de carros que tenta fazer uma grana no centro da cidade, mas a tarefa parecer ser mais difícil do que imaginava.

            Em 2014, lança Cumbe, pela editora Veneta, história em quadrinhos que narra quatro diferentes casos de resistência negra no Brasil colonial. Segundo o autor, são histórias fictícias, mas originadas de episódios reais, construídas através de uma longa pesquisa de 10 anos sobre a escravidão.

O objetivo é “tratar desse tema a partir de outra perspectiva, trazendo como protagonista os personagens negros e negras, tentando construir, por via da ficção, os conflitos os sonhos, as esperanças e também os medos”, ressalta o autor na entrevista concedida ao podcast Ilustríssima Conversa, do jornal Folha de S.Paulo (20/08/2018).

          Esse trabalho é considerado, até o presente momento, o mais importante de sua carreira. É uma obra para ampliar possibilidades de leitura sobre o passado. Já que a resistência de muitos africanos escravizados contra o sistema de trabalho forçado acontecia de modo direto, como a ação dos mocambos, e indireto, como as pequenas ações de rebeldia do cotidiano nas vilas e fazendas, demonstrando as tensões intrínsecas de uma sociedade pautada pela violência.

Cumbe, foi publicado no Brasil, Portugal (Polvo), França (editora Çà et Là), Itália (editora BeccoGiallo), Áustria (editora Bahoe Books) e EUA (Run for it, editora Fantagraphics). Em Portugal, o livro foi selecionado pelo programa Ler+ como sugestão de leitura para a rede escolar.

          A obra foi considerada pela crítica especializada um dos principais quadrinhos do ano de 2014 no Brasil, e em 2017 nos EUA. Cumbe foi premiado no Eisner Awards 2018, na categoria Best U.S. Edition of International Material.

O artista ainda possui outros trabalhos mais recentes: Encruzilhada, ano de 2016; Angola Janga, 2017.