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Artistas em pesquisa

ROSANA PAULINO

(por Aline Nascimento; Jandira Oliveira)

Rosana Paulino é uma artista visual, pesquisadora e educadora. Bacharel em gravura e Doutora em Artes Visuais pela ECA/USP. Possui também uma especialização em gravura pelo London Print Studio, de Londres.

Foi bolsista do Programa Bolsa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008; e CAPES de 2008 a 2011. Em 2014, conquistou a bolsa para residência no Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália.

Artista contemporânea, suas obras dialogam com os temas surgidos a partir da Semana de Arte Moderna. Trabalha temas sociais, antropológicos, da identidade negra e afro-brasileira de forma crítica e acolhedora a partir de seus estudos e experiências pessoais. Suas obras abordam a diáspora africana, o assentamento desses povos no Brasil e a formação de nossa história a partir dessa violência e caos. ​

Reconhecida pelo enfrentamento de questões sociais que despontam da posição da mulher negra na sociedade contemporânea, Rosana Paulino, ao revolver o início de sua história pessoal observa que o problema da representação dos negros traduz-se na sua quase ausência nos mais variados aspectos da vida dos brasileiros e na história, sobretudo na história das artes visuais.

A artista surge no cenário artístico nos anos 1990 e se distingue, desde o início de sua prática, como voz importante de sua própria geração, ao abordar de forma afiada temas socais, étnicos e de gênero.

Em 1994, sua produção ganha visibilidade com a instalação Parede da Memória, extensa composição em grade formada pela reprodução de onze pequenos retratos do arquivo familiar da artista que, agrupados em diferentes combinações, desdobram-se em 1500 imagens. Sobre o trabalho a artista Rosana Paulino diz:

(…) Ao mesmo tempo por causa da dimensão, é um trabalho muito grande, então, é como se você dissesse você pode nos ignorar, pode ignorar uma pessoa dessas na multidão, mas você não ignora mil e quinhentos pares de olhos sobre você.

(Rosana Paulino Costura da Memória, YouTube)
Parede da memória (1994)

Seus trabalhos têm como foco principal a posição da mulher negra na sociedade brasileira e os diversos tipos de violência sofridos por esta população decorrente do racismo e das marcas deixadas pela escravidão. Questões que são perturbadoras no contexto da sociedade brasileira.

 

Assentamento, 2012
 Litografia a cores sobre papel 63,5×48,5 cm ​
Coleção  particular  ​

A produção mais recente da artista é “A geometria à brasileira chega ao Paraíso tropical”, do ano de 2018 – um conjunto com 5 composições. Paulino foi a mostra do artista Josef Albers, nos Estados Unidos, que tratava da cor, da construção geométrica. Acabou encontrando no ateliê da Colgate University uma série de fitas e recortes de papéis coloridos que seriam descartados. No entanto, a partir deles, fazendo uso da técnica de colagem, executa a sua obra. E faz a seguinte análise:

De uma forma meio irônica eu chamo essas obras de Geometria à brasileira. As figuras não cabem dentro dessa geometria, elas ficam sempre do lado de fora, elas ficam sempre escapando do quadrado, escapam o tempo todo dessa formação geométrica. É uma crítica, porque no Brasil muitas vezes nos temos movimentos artísticos, culturais ou políticos que são pensados por uma determinada camada, por um determinado grupo da população, e são colocados como fossem válidos para todo o país. Sem se fazer a crítica, sem olhar para ver se cabem ou não, para ver de onde vem essas pessoas. Falta no Brasil uma crítica maior no sentido de olhar realmente os movimentos, olhar a cultura e ver quem fica de fora nesse processo.

(Rosana Paulino Costura da Memória, YouTube)
A geometria à brasileira chega ao paraíso Tropical (2018).

 

A Geometria à brasileira chega 
ao paraíso tropical, 2018
impressão  digital, colagem e monotipia ​
sobre papel 48×33 cm ​
Coleção  particular​

   Rosana Paulino obras em importantes Museus, tais como:

  • MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo;
  • UNM – University of New Mexico Art Museum, New Mexico, USA;
  • Museu Afro-Brasil – São Paulo;
  • Pinacoteca Municipal de São Paulo;​
  • Centro Cultural São Paulo – CCSP;​
  • Museu Salvador Allende, Chile.​

A artista tem participado de diversas exposições individuais no Brasil e exterior, das quais destacam-se:

  • Mulheres NegrasObscure Beuaté du Brésil, ano de 2014, no Espace Cultural Fort Grifoon à Besançon, França.
  • Atlântico Vermelho, ano de 2016, na Galeria Superfície, São Paulo;
  • Rosana Paulino – a Costura da Memória, a exposição foi apresentada na Pinacoteca, de São Paulo, no período de 08 de dezembro de 2018 até 04 de março de 2019.   A mostra pode ser vista no MAR, no Rio de Janeiro até   25 de agosto de 2019.

Site: http://www.rosanapaulino.com.br/

PALMA, Adriana Dolci. Costurando os fios de uma trajetória artística. In: Rosana Paulino: a costura da memória / curadoria Valéria Piccoli, Pedro Nery ; textos Juliana Ribeiro da Silva Bevilacqua, Fabiana Lopes, Adriana Dolci Palma — São Paulo : Pinacoteca de São Paulo, 2018. pp. 183-197. Disponível em:​

http://pinacoteca.org.br/wp-content/uploads/2019/07/AF_ROSANAPAULINO_18.pdf

Vídeo Costura da Memória

https://youtu.be/uNEIJArBdKw​

(Pesquisa Arthur Rocha, Caic de Sousa, Henri da Silva e Miguel de Oliveira, CAp, turma 2C, 2023).