ARTISTAS GILBERTO FERREZ, RICHARD BATE E DEDÉ RIBEIRO
(por Clara Mitre, Bolsista Prodocência)
Richard Bate
Iniciando a pesquisa cronologicamente, Richard Bate nasceu em 1775, em Londres, Inglaterra, onde também veio a falecer no ano de 1856. Foi um aquarelista e desenhista amador que esteve alguns anos no Brasil durante o período colonial.
Bate chegou ao Rio de Janeiro no ano de 1808, onde realizou algumas pinturas despretensiosas da arquitetura local, mas que cravariam seu nome na história para sempre. Isso porque o artista amador teve o mérito de documentar o cotidiano e algumas das famosas paisagens da capital brasileira.
Richard retornou ao Brasil em algumas outras ocasiões, nos anos de 1827, 1829 a 1832 – além do período entre 1835 e 1838. No entanto, o reconhecimento de seu trabalho se deu somente depois de mais de um século, quando Gilberto Ferrez organizou sua obra publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Gilberto Ferrez
Gilberto Ferrez foi um pesquisador, fotógrafo, crítico de arte, colecionador, historiador e comerciante. Considerado um dos mais importantes colecionadores e pesquisadores da iconografia urbana brasileira no período colonial e imperial, além de ser pioneiro no estudo da história da fotografia no Brasil.
Ferrez viveu no período de 1908 a 2000, com nascimento e falecimento registrados na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de, durante sua trajetória de formação, ter tido a oportunidade de expandir seus estudos para além dos solos brasileiros (morando na Inglaterra durante a juventude), seu trabalho mostrou interesse pelos registros do território onde nasceu.
Em sua obra Aquarelas de Richard Bate, Gilberto Ferrez apresenta uma coleção de arte com os traços do pintor londrino que registram a cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1808 e 1848.
Dedé Ribeiro
Retornando para a atualidade, Dedé Ribeiro chama atenção pelos registros coloniais com senso crítico ativo, quer dizer, remete-nos como a nossa história foi capturada e propagada sob a ótica de alteridade do próprio colonizador.
Jornalista, dramaturga e produtora cultural, Dedé é uma artista gaúcha que iniciou sua carreira em 1977 e segue ativa até hoje. Realizou sua formação na Universidade de Paris I, França, e mestrado em Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em sua coleção “Colonialmente”, a artista utiliza a técnica da colagem em suas obras de apropriação e ressignificação dos registros coloniais. Dedé descreve a colagem como uma ferramenta de desconstrução e reconstrução, o que, para ela, tem tudo a ver com o movimento decolonial.
É nessa coleção que ela utiliza uma das pinturas de Richard Bate, retirada do livro de Gilberto Ferrez. A obra intitulada “Você sabe para qual casa voltar” é uma colagem sobre papel (29,5x21cm) realizada por Dedé em 2021, na cidade de Porto Alegre. Uma obra que ressignifica a paisagem carioca da Praia de Botafogo, deixada por Bate e lançada por Ferrez.
Esses processos humanos de resgate através da arte são oportunidades para a manutenção da nossa história. Mantendo a possibilidade de novas leituras e aprendizados por meio da autoria.
Referências
FERREZ, Gilberto. Aquarelas de Richard Bate: o Rio de Janeiro de 1808-1848. Rio de Janeiro: Galeria Brasiliana, 1965.
GILBERTO Ferrez In ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa963/gilberto-ferrez. Acesso: 15 de novembro de 2024. Verbete da Enciclopédia.
GUIA DAS ARTES. Richard Bate: biografia. Disponível em: https://www.guiadasartes.com.br/richard-bate/biografia. Acesso: 16 dez. 2024.
Pinacoteca da Ajuris sedia “ColonialMente”, de Dedé Ribeiro. Correio do Povo. Porto Alegre, 02/09/2022. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/arteagenda/pinacoteca-da-ajuris-sedia-colonialmente-de-ded%C3%A9-ribeiro-1.883168. Acesso: 15 de novembro de 2024.
RIBEIRO, Dede. Biografia. Disponível em: https://www.dederibeiro.com.br/bio. Acesso: 16 dez. 2024.
RIBEIRO, Dede. Colonialmente. Disponível em: https://www.dederibeiro.com.br/colonialmente. Acesso: 16 dez. 2024.