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ZEZÃO

(por Carolina Pereira e Monique Araújo/PIBITI/IART)

José Augusto Amaro Handa, mais conhecido como Zezão (Figura 1), é um artista plástico que utiliza o grafite como principal suporte de suas obras. Ele nasceu em 1971 na cidade de São Paulo e sua juventude foi influenciada pelos movimentos punk e Hip Hop, movimentos os quais são fortemente marcados pelas manifestações de rua.

Figura 1

Zezão inicia no Grafite na década de 1990, quando um acidente de skate o impede de continuar no esporte.

A obra de Zezão advém de diferentes experimentações até chegar ao estilo próprio pelo qual ele é conhecido atualmente. Seus grafites podem ser encontrados em “galerias pluviais”, nos subterrâneos, esgotos e áreas abandonadas da grande São Paulo. Foi assim que sua obra gerou reconhecimento, quer dizer, devido ao testemunho de ambientes abandonados e habitados por pessoas marginalizadas. Zezão exerce seu trabalho em lugares muitas vezes difíceis de serem visitados, como os esgotos, por exemplo. É possível perceber a quebra da perspectiva que existe em sua obra, a imprevisibilidade dos diversos tipos de pessoas que vão ter contato, de fato, com sua arte, uma vez que são passantes urbanos que nunca puderam entrar numa galeria de arte.

Inicialmente, o trabalho do artista é caracterizado pelo uso forte do preto, inspirados em movimentos paulistanos que buscam inspiração nas capas de álbuns de Heavy Metal. Seus grafites incluem palavras de ordem ou, então, iniciais “Come Lixo”, “PIF” (Pintores Infratores Ferroviários) e “DST” (consoantes da palavra destrói).

Contudo, suas experimentações nos grafites transformam-se após o artista conhecer o artista Jean-Michel Basquiat (Nova York, 1960-1988), artista nova-iorquino e um dos principais nomes do grafite mundial (Figura 2). Após conhecer o trabalho de Basquiat, Zezão procura cores mais vibrantes e em degradê, além de formas mais abstratas para compor suas obras – estilo esse que o levou a ser chamado de psicodélico ou fumacinhas.

Figura 2

Desde os anos 2000, seu trabalho possui uma estética própria, o qual pode ser reconhecido imediatamente por seus traços sinuosos e abstratos em tons de azul, conhecidos como flop (Figura 3).  

Figura 3

Além disso, os lugares os quais pode-se encontrar seus trabalhos são inusitados. Geralmente, seus grafites encontram-se nos muros de casas e prédios nos grandes centros urbanos. Apesar de encontrar os grafites de Zezão nestes lugares, suas obras são mais conhecidas por apresentarem-se em galerias pluviais, de esgoto e subterrâneas da cidade (Figuras 4, 5 e 6).

Figura 4
Figura 5

Além da própria tinta o artista utiliza, nos grafites, pedaços de madeira quebrados, portas de carro, espelhos quebrados e outros para suas composições. A arte de Zezão procura unir não somente espaços marginalizados como também uma linguagem originariamente marginalizada – cuja abstração remete à pichação. Sua técnica é uma crítica aos problemas das grandes cidades, em que a periferia carece de infraestrutura. Seu intenso e brilhoso azul contrasta com o lugar marginalizado dos muros e galerias dos grafites.

Além de participar de exposições nacionais, já expôs em diversas cidades do mundo, como Berlim, Cidade do Cabo, Florença Genebra, Londres, Los Angeles, Milão, Nova Iorque, Paris e São Francisco.

Se relacionarmos o grafite de hoje às pinturas rupestres à época da Pré-história, torna-se curioso observar que a tradição do desenho sobre a superfície se mantém através de milhões de anos – o ser humano continua produzindo as marcas de sua existência de acordo com as suas condições. O que era antes uma incisão sobre rochas e grutas, hoje, o sujeito contemporâneo produz em esgotos, como nos grafites de Zezão, uma espécie de “grutas” e “cavernas” atualizadas no espaço urbano. É preciso indagar como as gerações futuras irão re-conhecer as condições e hábitos humanos a partir dos grafites atuais do artista Zezão, por exemplo?  E isso, sem dúvidas, pressupõe que a geração de hoje advenha da existência de outras – como das civilizações pré-históricas.

Referências

http://www.zezaoarts.com.br/zezao.php

ZEZÃO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021.

Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa437174/zezao.

Acesso em: 14 de julho de 2021. Verbete da Enciclopédia.


Metrópolis: O grafite de Zezão. 21 de mai. de 2016

Pesquisa: Daniela Leal, Luiza Lira, Luiza Pimenteir, Maria Eduarda Vieira e Sofia Gama, turma 2C, CAp-Uerj/2022.
(pesquisa Arthur Oliveira e Bernardo, CAp, turma 2C, 2023).